terça-feira, outubro 31, 2017


O Puigdemont, apoiado pela extrema esquerda, depois de ter causado danos de que a Catalunha dificilmente recuperará, mudou-se para a Bélgica onde é apoiado pela extrema direita e contratou o advogado dos etarras.

Malditos politiqueiros populistas e radicais que vão desgraçado os países.

Também cá!

O esquerdismo, doença infantil do comunismo, e o populismo de qualquer cor, têm de ser desmascarados e mandados para as Desertas se queremos sobreviver em paz, respeitando os nossos padrões culturais e civilizacionais.

Desde já me comprometo a pagar o dobro da minha parte do gasóleo para os (e as, como agora é moda) levar.

quinta-feira, outubro 26, 2017

A minha andorinha, a quem muito agradeço por nunca se ter esquecido de mim nestes quatro anos de afastamento político, veio visitar-me na semana passada. Vinha mais negra do que o costume e coberta de fuligem do fogo que, impiedoso, fustigou a nossa região.

Entre soluços de indignação lá me conseguiu dizer que tinha conseguido escapar com vida e que estava profundamente chocada porque, ao passar por uma reunião com os nossos bombeiros, que conseguiram evitar males maiores às nossas gentes, teria ouvido da boca de um deles que no auge do incêndio a ADRA ou Ladra ou lá como lhe chamam que ela não conseguiu precisar, teria cortado água aos bombeiros que ficaram impedidos de abastecer os autotanques e, ainda por cima, tinham desligado os telefones para não terem de aturar as reclamações.

Ora eu entendo que a "nossa" água está cara (embora um pouco mais barata do que a água do Luso em garrafões de 7l), mas nunca julguei possível que tal pudesse acontecer. E, como a minha andorinha às vezes se "estica" e eu tenho cadastro na relação com essa empresa que apoiada na gestão autárquica do PPD/PSD espoliou os aveirenses de um bem público fundamental, bem como na relação com os seus abnegados dirigentes (que sei terem bons padrinhos), decidi nada dizer.

A minha andorinha ficou fula e há dois dias veio ter comigo com um papel na mão em que a tal dita empresa afirma ter "disponibilizado e mobilizado o máximo de recursos humanos e técnicos, contribuindo para que as corporações de bombeiros tivessem acesso à água necessária para combater os incêndios que afectaram a nossa região nos passados dias 13 e 14 de outubro" e que "desde o início do flagelo teria disponibilizado e mobilizado o máximo de recursos humanos e técnicos, contribuindo para que as nossas corporações de bombeiros tivessem acesso à água necessária para combaterem as diversas ocorrências, que durante o referido período teria ultrapassado os 7.000m3, distribuídos gratuitamente, dado que a água da rede pública fornecida para o combate aos incêndios é gratuita".

Mais se afirmava que "esta utilização intensiva, provocou em certos momentos, uma baixa na pressão de água em determinadas zonas e que a empresa foi ainda afectada pelos cortes de energia elétrica e falhas nos sistemas de comunicação - o que agravou a disponibilidade dos nossos serviços de abastecimento de água e comprometeu o atendimento telefónico".

Perante isto fiquei perplexo pois o comunicado cheirou-me a desculpa esfarrapada e fiquei com a convicção que, se calhar, havia alguma verdade naquilo que a minha andorinha me tinha confidenciado.

Mas, cauteloso como sou, nem assim fui demovido a opinar sobre o assunto.

Mas recebi à pouco uma mensagem da minha andorinha a dizer que ou digo alguma coisa sobre o assunto ou corta relações comigo e nunca mais me conta nada.

Encostou-me à parede e é por isso que eu aqui publico isto. Mas à sua inteira e total responsabilidade que eu não me quero meter neste embrulho.

A minha andorinha Informou-me ainda que está de partida para Marrocos para passar o Inverno, que está bem mais seguro do que cá (e ao menos tem aviões de combate aos incêndios disponíveis) e disse para estar vigilante porque viu umas pessoas a girar na floresta que ainda não ardeu e não sabe se andavam por lá com boas intenções.

Mais me disse que em Marrocos não tem acesso ao Facebook e pediu-me para reabrir o Blog Margem Esquerda (raulventmartins.blogspot.com) que assim ,quando fosse a Agadir, podia por lá colocar uns comentários.

E eu, que o tinha fechado numa altura familiar muito dolorosa, aceitei o seu pedido e para o provar vou lá colocar este post antes que seja retirado do Face.

O que não se faz por uma andorinha!

terça-feira, dezembro 15, 2009

Epitáfio

Ainda correm lágrimas pelos
teus grisalhos, tristes cabelos,
na terra vã desintegrados,
em pequenas flores tornados.

Todos os dias estás viva,
na soledade pensativa,
ó simples alma grave e pura,
livre de qualquer sepultura!

E não sou mais do que a menina
que a tua antiga sorte ensina.
E caminhamos de mão dada
pelas praias da madrugada.


Cecília Meireles

domingo, dezembro 13, 2009

Leituras de fim-de-semana

Manuela Ferreira Leite e Cavaco Silva, as duas faces do cavaquismo na terceira idade, estão a dar um espectáculo triste evidenciando aquilo que esse mesmo cavaquismo foi, um projecto de poder sem qualquer projecto ou ideias para o país. Se Cavaco Silva lá vai mantendo aquela posse esfíngica que ele entende ser a apropriada para um Presidente da República, já Manuela Ferreira Leite deixou que o verniz se quebrasse e cada intervenção é um desastre, um chorrilho de declarações de puro ódio, sem qualquer consistência política e com um total desprezo pelo futuro do partido que lidera.

Se de Cavaco Silva se disse que era um eucalipto, secando tudo à sua volta, Manuela Ferreira Leite foi mais longe, sem tempo nem credibilidade para dirigir o partido por tempo suficiente para o secar, optou por tentar eliminar todos os adversários, os que com ela disputaram a liderança do PSD e os que pudessem vir a fazê-lo contra futuros candidatos cavaquistas. Incapaz de se afirmar pelas ideias que não tem e pelos projectos que não apresenta, a líder do PSD optou por tentar eliminar actuais e futuros adversários, a excepção foi Santana Lopes que se submeteu docilmente a troco de um emprego.

Ao fim de tantos anos em que cavaquismo foi apresentado como o melhor para o país e para o PSD os portugueses tiveram a aoportunidade de conhecer os métodos de duas personalidades de topo dessa "seita". Sem dinheiro para distribuir Cavaco Silva revelou-se um político banal, diria mesmo que quase rasca, um político sem coragem para apoiar um projecto, um político calculista que tudo condiciona à sua ambição pessoal. A sua actuação ou, como nos pretendem fazer crer, a actuação dos seus assessores no caso das escutas foi indigno de quem está na Presidência da República. Ferreira Leite revelou-se uma política pimba, sem ideias, sem princípios no debate político, chegando ao ridículo de esconder a sua pobreza intelectual com o argumento de não querer ver as suas ideias copiadas.

A dupla cavaquista insiste em manter-se, Ferreira Leite vai resistindo na liderança do PSD condicionando o partido às ambições pessoais de Cavaco Silva. A saída de Manuela Ferreira Leite está agendada para data mais próxima da decisão de Cavaco Silva se recandidatar, com a saída da sua amiga da liderança do PSD o ainda Presidente pode ensaiar um afastamento da futura liderança numa tentativa de enganar mais uma vez os eleitores de esquerda. Num papel invertido de viúva negra Manuela Ferreira Leite vai simular o seu fim político proporcionado a Cavaco Silva um exemplo de neutralidade política.

Resta encontrar uma alternativa que ponha fim ao cavaquismo, um cadáver político que insiste em fugir ao enterro.

...

Quem também parece ter dado início ao seu próprio funeral foi Manuel Alegre que, ao mesmo tempo que diz que não é refém de ninguém, tenta tornar o PS e os militantes socialistas reféns da sua ambição pessoal. Depois de ter andado anos a liderar a oposição e a fazer tudo para transferir o maior número de votos possíveis do PS para o Bloco de Esquerda, Manuel Alegre reaparece começando por passar a mão pelo pêlo a Sócrates criticando a justiça no caso Face Oculta, ele que no caso Freeport manteve-se em silêncio. Feita a cerimónia da lavagem das mãos na água benta deu-se início à peregrinação dos jantares onde os PRDs alegristas se manifestam empenados na cidadania e exigem a Alegre que se candidate, uma farsa mal montada para lançar Alegre ante de o PS escolher candidato.

Só que muitos dos que votaram em Alegre se sentiram traídos por um ex-candidato que fez dos seus votos reféns da sua ambição pessoal, no PS perdeu credibilidade ao ter seguido uma estratégia de chantagem permanente sobre o governo, no PCP perdeu irremediavelmente qualquer hipótese de vir a ser apoiado por este partido depois de ter feito o jogo de Francisco Louçã. Manuel Alegre é um cadáver político que insiste em fugir da cova que ele próprio cavou. Poderá vir a ser candidato presidencial, até poderá servir de alento à reeleição de Cavaco Silva mas nunca será Presidente da República. Falta a Alegre a lucidez que teve Otelo Saraiva de Carvalho que não voltou a candidatar-se depois de derrotado.


A oposição prossegue a sua estratégia suicida, alheios aos problemas do país e dos portugueses os líderes da oposição e os seus deputados decidiram iniciar um PREC na versão parlamentar, transformando o parlamento num imenso bacanal onde é possível encontrar Ferreira Leite, Louçã, Jerónimo de Sousa e Portas embrulhados na mesma cama. O pior é quando ninguém souber de quem é o filho nascido no fim desta orgia.


O
Jumento

Aos meus amigos


E foi então que apareceu a raposa:
- Bom dia, disse a raposa.
- Bom dia, respondeu polidamente o principezinho, que se voltou, mas não viu nada.
- Eu estou aqui, disse a voz, debaixo da macieira...
- Quem és tu? Perguntou o principezinho. És bem bonita...
- Sou uma raposa, disse a raposa.
- Vem brincar comigo, propôs o principezinho. Estou tão triste...
- Não posso brincar contigo, disse a raposa. Ainda não me cativaste.
- Ah! Desculpa, disse o principezinho.
Após uma reflexão, acrescentou:
- Que quer dizer "cativar"?
- Tu não és daqui, disse a raposa. Que procuras?
- Procuro os homens, disse o principezinho. Que quer dizer "cativar"?
- Os homens, disse a raposa, têm espingardas e caçam. É bem incómodo! Criam galinhas também. É a única coisa interessante que fazem. Tu procuras galinhas?
- Não, disse o principezinho. Eu procuro amigos. Que quer dizer "cativar"?
- É uma coisa muito esquecida, disse a raposa. Significa "criar laços..."
- Criar laços?
- Exactamente, disse a raposa. Tu não és para mim senão um garoto inteiramente igual a cem mil outros garotos. E eu não tenho necessidade de ti. E tu também não tens necessidade de mim. Não passo a teus olhos de uma raposa igual a cem mil outras raposas. Mas, se me cativas, teremos necessidade um do outro. Serás para mim único no mundo. E eu serei para ti única no mundo...
- Começo a compreender, disse o principezinho. Existe uma flor... eu creio que ela me cativou...
- É possível, disse a raposa. Vê-se tanta coisa na Terra...
- Oh! Não foi na Terra, disse o principezinho.
A raposa pareceu intrigada:
- Num outro planeta?
- Sim.
- Há caçadores nesse planeta?
- Não.
- Que bom! E galinhas?
- Também não.
- Nada é perfeito, suspirou a raposa.

Mas a raposa voltou à sua ideia.
- A minha vida é monótona. Caço as galinhas e os homens caçam-me. Todas as galinhas se parecem e todos os homens se parecem também. E por isso eu aborreço-me um pouco. Mas se me cativas, a minha vida encher-se-á de sol. Conhecerei um barulho de passos que será diferente dos outros. Os outros fazem-me entrar debaixo da terra.
Os teus chamar-me-ão para fora da toca, como se fossem música. E depois, olha! Vês, lá longe, os campos de trigo? Eu não como pão. O trigo para mim é inútil. Os campos de trigo não me lembram coisa alguma. E isso é triste! Mas tu tens cabelos cor de ouro. Então será maravilhoso quando me tiveres cativado. O trigo, que é dourado, fará lembrar-me de ti. E eu amarei o barulho do vento no trigo...
A raposa calou-se e examinou por muito tempo o príncipe:
- Por favor... cativa-me! Disse ela.
- Bem quisera, disse o principezinho, mas não tenho muito tempo. Tenho amigos a descobrir e muitas coisas a conhecer.
- A gente só conhece bem as coisas que cativou, disse a raposa. Os homens já não têm tempo de conhecer as coisas. Compram tudo prontinho nas lojas. Mas como não existem lojas de amigos, os homens já não têm amigos. Se queres um amigo, cativa-me!
- O que é preciso fazer? Perguntou o principezinho.
- É preciso ser paciente, respondeu a raposa. Primeiro sentar-te-ás um pouco longe de mim, na relva. Eu olhar-te-ei pelo canto do olho e tu não dirás nada. A linguagem é uma fonte de mal-entendidos. Mas, cada dia, te sentarás mais perto...
No dia seguinte o principezinho voltou.
- Teria sido melhor voltares à mesma hora, disse a raposa. Se tu vens, por exemplo, às quatro da tarde, desde as três que começarei a ser feliz. Quanto mais a hora for chegando, mais eu me sentirei feliz. Às quatro horas, então, estarei inquieta e agitada: descobrirei o preço da felicidade! Mas se vens a qualquer momento, nunca saberei a hora de preparar o coração... É necessário um rito.
- O que é um rito? Perguntou o principezinho.
- É uma coisa muito esquecida também, disse a raposa. É o que faz com que um dia seja diferente dos outros dias; uma hora, das outras horas. Os meus caçadores, por exemplo, possuem um rito. Dançam na quinta-feira com as moças da aldeia. A quinta-feira então é o dia maravilhoso! Vou passear até a vinha. Se os caçadores dançassem em qualquer dia, os dias seriam todos iguais, e eu não teria férias!

Assim o principezinho cativou a raposa. Mas, quando chegou a hora da partida, a raposa disse:
- Ah! Eu vou chorar.
- A culpa é tua, disse o principezinho, eu não te queria fazer mal; mas tu quiseste que eu te cativasse...
- Quis, disse a raposa.
- Mas tu vais chorar? Disse o principezinho.
- Vou, disse a raposa.
- Então, não sais a lucrar nada!
- Eu lucro, disse a raposa, por causa da cor do trigo.
Depois ela acrescentou:
- Vai rever as rosas. Compreenderás que a tua é única no mundo. Voltarás para me dizer adeus, e eu far-te-ei presente de um segredo.
O principezinho foi rever as rosas:
- Vós não sois absolutamente iguais à minha rosa, vós não sois nada ainda. Ninguém ainda vos cativou, nem cativastes a ninguém. Sois como era a minha raposa. Era uma raposa igual a cem mil outras. Mas eu fiz dela amiga. Ela agora é única no mundo.
As rosas estavam desapontadas.
- Sois belas, mas vazias, disse ele ainda. Não se pode morrer por vós. Um transeunte qualquer seguramente pensaria que a minha rosa se parece convosco. Ela sozinha é, porém, mais importante que vós todas, pois foi a ela que eu reguei. Foi a ela que pus sob a redoma. Foi a ela que abriguei com o pára-vento. Foi dela que eu matei as larvas (excepto duas ou três por causa das borboletas). Foi a ela que eu escutei queixar-se ou gabar-se, ou mesmo calar-se algumas vezes. É a minha rosa.
E voltou, então, à raposa:
- Adeus, disse ele...
- Adeus, disse a raposa. Eis o meu segredo. É muito simples: só se vê bem com o coração. O essencial é invisível para os olhos.
- O essencial é invisível para os olhos, repetiu o principezinho, para se lembrar.
- Foi o tempo que perdeste com tua rosa que fez tua rosa tão importante.
- Foi o tempo que eu perdi com a minha rosa... repetiu o principezinho, para se lembrar.
- Os homens esqueceram essa verdade, disse a raposa. Mas tu não a deves esquecer. Tu tornas-te eternamente responsável por aquilo que cativas. Tu és responsável pela rosa...
- Eu sou responsável pela minha rosa... repetiu o principezinho, para se lembrar.

Antoine de Saint-Exupéry (adapt.)

terça-feira, dezembro 08, 2009

Vai longe!


Pouca gente conseguiu compreender a razão do nosso nóvel vereador Miguel Fernandes ter subido para cima de um alqueire no desfile comemorativo do 101º aniversário dos Bombeiros Novos.

Pura vaidade disseram uns! Totalmente ridículo afirmaram outros!

Afinal a razão é outra e bem mais simples (e prosaica). Miguel Fernandes, acautelado como é, sabendo que os fotógrafos iam lá estar, não quis enlamear os sapatos (o que normalmente acontece a qualquer mortal que seja obrigado a pôr os pés no chão, em Aveiro).

É que os passeios, as ruas e as estradas (e outras vias pretensamente circulantes) do nosso concelho estão... uma verdadeira miséria.

Mas isso só demonstra a sua superior inteligência. O Presidente, absorto nos superiores desígnios do nosso concelho (como de costume), não teve o mesmo cuidado e vejam como se apresentou na Gala dos Campeões.



Vamos ver! Vamos ver!

Esta é para calar aqueles que acham que o nosso Presidente não trabalha bem (e depressa).

segunda-feira, dezembro 07, 2009

Ansiedade


Quero compor um poema
onde fremente
cante a vida
das florestas das águas e dos ventos.

Que o meu canto seja
no meio do temporal
uma chicotada de vento
que estremeça as estrelas
desfaça mitos
e rasgue nevoeiros — escancarando sóis!


Manuel da Fonseca

sábado, dezembro 05, 2009

Pregar no deserto!


Quando leio que Ministro do Petróleo da Arábia Saudita Ali al-Naimi afirmou esta semana que "os preços do petróleo estão bem neste momento, entre os 70 e os 80 dólares" fico a pensar que se calhar só agora é que lhe entregaram a tradução do que este humilde escriba aqui publicou há mais de um ano e que os omniscientes administradores da Galp não ligam a bitaites de arraia miúda.

Uma coisa é certa. Imaginem os milhões que teriam sido poupados ao País e aos automobilistas se os administradores da Galp tivessem seguido as sugestões que apresentámos. Tantos que até justificariam os faustosos vencimentos que auferem.

Bem. Reconheço que não são os primeiros (nem serão os últimos) que não ligam ao que eu digo. Por cá é, aliás, o costume. E com as mesmas consequências.


sexta-feira, dezembro 04, 2009

AdRA - Águas da Região de Aveiro

Recebemos de um funcionário dos SMA uma carta em que apresenta o seu preocupante dilema laboral. E porque pensamos que este problema, para o qual em altura oportuna alertámos, é um problema de estrema gravidade, tendo em atenção a situação económica e social que actualmente atravessamos, decidimos, depois de retirar os encómios e os elementos identificativos do remetente (não vá o diabo tecê-las), publicar a carta que reza (mais ou menos) assim:



Caro Dr.,


É com enorme preocupação pela falta de clareza na abordagem que as Águas de Portugal (AdP) fizeram aos funcionários dos Serviços Municipalizados de Aveiro (SMA) estes dias, que lhe escrevo estas sinceras e preocupadas palavras.


Sou funcionário dos SMA há alguns anos e nunca pensei passar por uma situação destas.


Por não concordar com a política da autarquia em conceder por 50 anos os destinos da nossa água a uma empresa que apenas procura o lucro fácil, pretendo transitar para a Câmara Municipal de Aveiro (CMA).


Qual não é o meu espanto, quando ouço a CMA a informar a opinião pública que aceita todos os trabalhadores que não queiram ingressar na AdRA e, internamente, dá ordens para dizer aos trabalhadores que não aceita ninguém, numa clara tentativa de pressionar e empurrar as pessoas para um contrato de cedência, sem o mínimo de garantias e direitos.


Uma dessas vozes internas é a do vereador Pedro Ferreira que, claramente, tem ficado muito mal nesta fotografia e que em nada tem ajudado aqueles que tem dado o seu melhor esforço à causa Aveirense.


Estamos numa fase complicada da nossa situação, onde nos deram prazos para decidir e os trabalhadores continuam sem saber o futuro, tanto de um lado como do outro.


Dr., gostaria de saber se sabe alguma coisa sobre isto e mais que tudo, qual a verdadeira posição da autarquia para com os trabalhadores dos SMA que não queiram ingressar na AdRA.


O meu muito obrigado pela atenção.



Pois caro amigo. Está numa situação delicada que esta Câmara não soube, atempadamente acautelar, fazendo (mais uma vez) ouvidos moucos aos alertas que fizemos.


E, neste momento, tem de optar por "ser cedido" à ADrA, confrontando-se com uma nova realidade laboral e com um tipo de cultura empresarial distinta da dos SMA, procurando incorporar-se até ao final da sua vida de trabalho, numa organização com uma estrutura, direcção, métodos de gestão e finalidade bem diversa daquela em que exerceu durante largos anos a sua actividade, ou manter-se na CMA sem saber exactamente o que é que vai fazer e sujeitando-se, no caso da autarquia querer, um destes dias, atacar o problema do seu défice orçamental pelo lado da despesa - o que nos parece inevitável dado não mostrar coragem política para intervir pelo lado da receita - a ir parar ao quadro de excedentes, com o cotejo de consequências negativas que tal acarreta.


Esta opção é uma opção difícil que só cada um dos funcionários poderá fazer e para a qual eu me sinto totalmente incompetente de opinar.


Apenas reitero o velho e sábio provérbio popular que "as cadelas apressadas parem os filhos cegos" uma vez que a decisão foi infelizmente tomada sem ter sido devidamente avaliada não tendo a CMA conseguido fazer valer os inúmeros trunfos de que dispunha (e eram tantos que sem a adesão de Aveiro a ADrA não existiria).

Nem sequer para cuidar, adequadamente, dos direitos e interesses dos trabalhadores que, durante tanto tempo, abnegadamente, a serviram.



quarta-feira, dezembro 02, 2009

BLOG


Mantivera no fim da adolescência
aquilo a que chamava simplesmente
o seu diário íntimo:
páginas manuscritas onde ardiam
rastilhos de mil sonhos que rasgavam
as mordaças da angústia social,
a timidez tão própria da idade.

Nessa caligrafia cuja cor
fora ainda a do sangue
colheu a energia necessária
pra atravessar como um sonâmbulo
o ordálio daquela juventude,
o seu incandescente calendário
de amizades vorazes, tão velozes
como os amores que julgava eternos
e outras feridas mal cauterizadas.

Hoje quase não volta a essas páginas:
estamos no século XXI
e em vez do diário de outros tempos
mantém agora um blog
onde todos os dias extravasa
recados, atitudes, confissões,
coisas no fundo tão inofensivas
como o fogo que outrora lhe acendia
as frases lancinantes
— embora hoje em dia quando escreve
tenha por um momento a ilusão
de que as suas palavras continuam
a propagar ainda o mesmo vírus,
e a alimentar, quem sabe, os mesmos
sonhos
sempre que alguém desconhecido as ler
como quem só assim escutasse
um segredo na noite do mundo.

Mas, apesar de todo o entusiasmo
que o mantém acordado por noites sem fim,
ele adivinha que também virá
um dia a abandonar sem saber como
o seu actual vício solitário
e dentro de alguns anos, ao reler
as frases arquivadas no computador,
talvez tudo isso lhe pareça então
fruto de gestos tão adolescentes
como os que antigamente preenchiam
esses cadernos amarelecidos
e hoje sepultados para sempre
em esquecidas gavetas de outro século.



Fernando Pinto do Amaral

terça-feira, dezembro 01, 2009

Não há Prémio Nobel para a coragem...


... mas devia haver, não devia?

segunda-feira, novembro 30, 2009

COMUNICADO


Na frente ocidental nada de novo.
O povo
Continua a resistir.
Sem ninguém que lhe valha,
Geme e trabalha
Até cair.

Miguel Torga

sexta-feira, novembro 27, 2009

Estive a ouvir o Carvalhal...

quarta-feira, novembro 25, 2009

ESQUERDIREITA



À esquerda da minoria da direita a maioria
do centro espia a minoria
da maioria de esquerda
pronta a somar-se a ela
para a minimizar
numa centrista maioria
mas a esquerda esquerda não deixa.
Está à espreita
de uma direita, a extrema,
que objectivamente é aliada
da extrema-esquerda.

Entretanto
extra-parlamentar (quase)
o Poder Popular
vai-se reactivar, se…

Das cúpulas (pfff!) nem vale a pena
falar, que hão-de
pular!

Quanto à maioria da esquerda
ficará ― se ficar ― para outro poema.



Alexandre O'Neill

domingo, novembro 22, 2009

Assembleia Municipal 20-11-2009

Na primeira reunião desta renovada AM após o acto eleitoral do passado dia 11 de Outubro cumpre-me, enquanto líder da bancada do Partido Socialista, o dever e o direito de comentar o sentido de voto nelas expresso pelos Aveirenses. E, os cidadãos aveirenses, nessas eleições, escolheram a Coligação Juntos por Aveiro para os governar no próximo quadriénio, ratificando as opções que apresentaram no seu programa eleitoral.

Não concordamos com esse resultado e consideramos que os aveirenses, inconscientemente, premiaram aqueles que não só conduziram o nosso município à ingrata situação em que actualmente se encontra mas, mais do que isso, pretendem continuar a impedir que Aveiro assuma a liderança politica, económica e sociocultural da região em que está inserida.

Mas, como democratas que somos, aceitamos esses resultados.
O povo escolheu. Está escolhido!

Daí, desde logo, felicitarmos todos aqueles que tiveram a arte de conseguir o favor do voto dos aveirenses e, relativamente aos resultados para a Câmara Municipal, embora não acreditando que a reforçada votação na Coligação Juntos por Aveiro traga uma alteração substancial aos resultados da sua actuação e, consequentemente, algo de novo ou de bom aos aveirenses, augurar-lhe felicidades.

Mas, como os resultados desta votação acarretam responsabilidades acrescidas esperamos, desde já, que a actuação do Sr. Presidente da AM se paute por critérios de competência e equidade de molde a, rapidamente, fazer esquecer a actuação da sua antecessora.

E que o Sr. Presidente da Câmara, agora que, como afirma tem, finalmente, a situação financeira do município resolvida e já conseguiu obter financiamentos para a execução de 400 milhões de euros de investimento no concelho, consiga retirar Aveiro do fosso para onde foi atirado pelas incorrectas e inadequadas opções do executivo a que anteriormente presidiu e possa finalmente trilhar os desejados caminhos do desenvolvimento, da modernidade e do progresso.

O PS aguarda com expectativa o desenrolar da actuação do novo executivo camarário de molde a fazer uma fiscalização apertada da execução do programa que a coligação apresentou aos aveirenses e, entre outros, o cumprimento do Plano de Saneamento Financeiro aprovado pelo Tribunal de Contas e a renegociação da taxa do empréstimo dos 58 milhões de euros cuja conclusão foi prometida para este mês, agora que parece ter sido abandonada a ideia peregrina da famigerada Parceria Público-Privada a já tão atrasada concretização da Carta Educativa com o apoio do QREN, a criação de novas Zonas Industriais, a adiada construção da Pista de Remo e Canoagem do Rio Novo do Príncipe, do Parque da Sustentabilidade, ou à guisa de exemplo as requalificações da Pateira de Requeixo e da Avenida Dr. Lourenço Peixinho.

Mas mais do que tudo fiscalizaremos as medidas que foi prometido tomar no sentido de contribuírem, de forma consolidada e estruturada, para o restauro da credibilidade e do bom nome da nossa Câmara Municipal, consolidando e reforçando a centralidade do nosso município que, como capital da Região de Aveiro, tem o dever de assumir a liderança da sua Comunidade Intermunicipal.

Esperamos que o executivo presidido pelo Dr. Élio Maia realize com êxito a missão a que se propôs e cumpra as promessas eleitorais com que cativou o voto maioritário do eleitorado aveirense.

Contem com o Partido Socialista para fazer a sua parte.

segunda-feira, novembro 09, 2009

Cantiga dos ais

Os ais de todos os dias
os ais de todas as noites
ais do fado e do folclore
o ai do ó ai ó linda

Os ais que vêm do peito
ai pobre dele coitado
que tão cedo se finou

Os ais que vêm da alma
ais d’amor e de comédia
ai pobre da rapariga
que se deixou enganar
ai a dor daquela mãe

Os ais que vêm do sexo
os ais do prazer na cama
os ais da pobre senhora
agarrada ao travesseiro
ai que saudades saudades
os ais tão cheios de luto
da viúva inconsolável

Ai pobre daquele velhinho
ai que saudades menina
ai a velhice é tão triste

Os ais do rico e do pobre
ai o espinho da rosa
os ais do António Nobre
ais do peito e da poesia
e os ais doutras coisas mais
ai a dor que tenho aqui
ai o gajo também é
ai a vida que tu levas
ai tu não faças asneiras
ai mulher és o demónio
ai que terrível tragédia
ai a culpa é do antónio

Ai os ais de tanta gente
ai que já é dia oito
ai o que vai ser de nós

E os ais dos liriquistas
a chorar compreensão

Ai que vontade de rir

E os ais do D.Dinis
ai Deus e u é

Triste de quem der um ai
sem achar eco em ninguém

Os ais da vida e da morte
ai os ais deste país



Mendes de Carvalho

terça-feira, outubro 27, 2009

Caminhada Rosa - Vencer o cancro


31 de Outubro, 10:30

segunda-feira, outubro 26, 2009

Declarações de rendimentos


Pedro Ferreira em vez de estar feliz por continuar a ser vereador por mais quatro anos parece andar abespinhado, tantos os tiros que ultimamente tem dado. Até parece que preferia ter perdido. Só que, pelos mais variados motivos (quiçá as tremuras provocados pela recente implosão do estádio), não consegue acertar onde deseja.

Em primeiro lugar porque apenas me limitei a tornar público o parecer nº 69/2008 da Procuradoria-Geral da República. E esse parecer apenas lhe poderá causar preocupações se se confirmar que recebeu remunerações da ERSUC e que essa empresa se integra no “sector empresarial estadual ou regional”.

Em segundo lugar porque se não fosse tão iletrado em questões legais, saberia que, obrigatoriamente, remeto as minhas declarações anuais de rendimento (bem como as alterações do meu património) para o Tribunal Constitucional, onde qualquer pessoa as poderá consultar. Mas se quiser evitar o incómodo da deslocação e pretender uma cópia, tenho todo o gosto em lha enviar.

Sou, de facto, um dos dois vogais não-executivos da comissão directiva do Programa Operacional Regional do Centro, Mais Centro 2007-2013. O outro é, como certamente saberá, o presidente da Câmara de Castelo Branco, Joaquim Morão, que foi indicado pelos municípios da região.

Esta comissão directiva é presidida, por inerência, pelo Presidente da CCDR e possui 2 vogais executivos, um dos quais também indicado pelos municípios da região. E, certamente também sabe que o vogal inicialmente nomeado para ocupar este lugar (que recusou) foi Alberto Santos, seu colega na administração da ERSUC.

E, para que conste, considero que não é só quem ocupa cargos públicos que deveria ter de publicar a sua declaração de rendimentos. Há muito que defendo que todas as declarações anuais de IRS deveriam ser públicas e que seja abolido o sigilo bancário. Se assim fosse seria facilmente verificável se o nível de vida que algumas pessoas exibem é compatível com os rendimentos que declaram ao fisco.

Mas, uma vez que a coligação a que pertence tem maioria folgada na Assembleia Municipal, desafio-o a propor e a promover a entrega, junto dos respectivos serviços, das declarações de rendimentos de todos os membros da Câmara, Assembleia Municipal, administradores e representantes da CMA em empresas etc., dos últimos 5 anos. Se tal acontecer eu comprometo-me a imediatamente entregar cópia das minhas declarações dos últimos 15 anos (ou mais se alguém desejar).

Era, no meu entender, um excelente exemplo de transparência que os eleitos locais dariam aos Aveirenses. E não custa assim tanto, pois não?

terça-feira, outubro 20, 2009

Aos costumes...


Espectacular!!!

segunda-feira, outubro 19, 2009

Ler os outros - Todos são filhos: não há enteados


Na escola ideal para os meus filhos "todos são filhos e não há enteados". Todas as crianças são tratadas pelo seu nome. Há meninos e meninas de várias culturas e nacionalidades. As origens e os percursos de vida são conhecidos e partilhados. A diferença é cultivada e valorizada como uma riqueza da humanidade. A diferença suscita a curiosidade, o interesse e o respeito. Ser diferente soma e une.

Na escola os professores são referências. Pela sua visão do mundo, pelo que sabem, pela forma como transmitem o conhecimento, pela sua disponibilidade e pela sua dedicação, exclusiva, a ensinar a aprender. Os professores são pessoas felizes e realizadas. São amigos.

Na escola ideal ensina-se a aprender e a ter gosto em continuar a aprender ao longo da vida, dando expressão à ideia de Agostinho da Silva que a escola deve ser um local onde eu possa ir 24 horas por dia, 365 dias no ano, perguntar tudo o que não sei e poder conversar com todas as outras pessoas que vão fazer o mesmo que eu.

Na escola ideal não há apenas alunos e professores. Há pais e toda uma aldeia, uma vila ou uma cidade necessária para a educação de cada uma das crianças. Há professores e profissionais especializados.

Nesta escola não há muros nem grades divisórias. É integralmente construída em paredes de vidro - bem no centro da cidade. A escola é o coração do espaço público e os seus jardins e espaços verdes confundem-se com a envolvente urbana. As vias pedonais atravessam a escola e o campo de recreio é visível por todos. Nesta escola a educação cívica não substitui a educação devida pelos pais, mas complementa-a, na busca de uma sociedade mais solidária. Não há temas tabus e a educação sexual é encarada com naturalidade. Os comportamentos violentos, de discriminação e de bullying são abordados e discutidos por todos e a inclusão é explicada como forma de vida. Não se escondem as desigualdades sociais e explica-se abertamente por que razões existem e de que forma podemos corrigi-las.

A escola ideal não reproduz a sociedade. Puxa pela sociedade. Vai à frente.

Na escola ideal há livros que não param de chegar e que se juntam aos clássicos. Apreende-se a História do meu país e a universal. Desenvolve-se a compreensão. Aprendem-se línguas. A língua portuguesa em primeiro lugar. Estimula-se o raciocínio, a criatividade e a imaginação. As crianças não abandonam a escola sem saberem ler, escrever, contar e falar. A escola prepara para a vida. Para o mercado de trabalho, mas também a ser homens e mulheres. Profissionais empreendedores, competentes e cidadãos responsáveis.

Uma escola exigente, com igualdade de oportunidades para todos, que não deixe ninguém para trás e que garanta condições de afirmação individual das competências de cada aluno.

Uma escola com tempo para aprender, para praticar desporto, brincar e conviver. Uma escola que promove as ideias e incentiva a crítica. Que ensina a utilizar as novas tecnologias e nos envolve no mundo das artes. Onde se aprenda que o ser é mais importante que o ter.



António José Seguro

domingo, outubro 18, 2009

Leituras de fim-de-semana


Eu sei que são leituras chatas. Mas aqui fica o Parecer nº 69/2008 da Procuradoria-Geral da República, publicado no DR da passada sexta-feira, sobre o regime remuneratório aplicável aos eleitos locais em regime de permanência, que acumulem funções em empresas do sector público empresarial regional e estadual participadas pelos respectivos municípios.

No meu entender, acho que merece uma leitura cuidada. Até porque ninguém pode fazer-se valer do argumento da ignorância da lei, para daí tirar proveito próprio.


Nota: Ler, no mínimo, as conclusões - p. 41994

Acabou...

sábado, outubro 17, 2009

Profecia



Nem me disseram ainda
para o que vim.
Se logro ou verdade,
se filho amado ou rejeitado.
Mas sei
que quando cheguei
os meus olhos viram tudo
e tontos de gula ou espanto
renegaram tudo
— e no meu sangue veias se abriram
noutro sangue...
A ele obedeço,
sempre,
a esse incitamento mudo.
Também sei
que hei-de perecer, exangue,
de excesso de desejar;
mas sinto,
sempre,
que não posso recuar.

Hei-de ir contigo
bebendo fel, sorvendo pragas,
ultrajado e temido,
abandonado aos corvos,
com o pus dos bolores
e o fogo das lavas.
Hei-de assustar os rebanhos dos montes
ser bandoleiro de estradas.
— Negro fado, feia sina,
mas não sei trocar a minha sorte!

Não venham dizer-me
com frases adocicadas
(não venham que os não oiço)
que levo caminho errado,
que tenho os caminhos cerrados
à minha febre!
Hei-de gritar,
cair, sofrer
— eu sei.
Mas não quero ter outra lei,
outro fado, outro viver.
Não importa lá chegar...
O que eu quero é ir em frente
sem loas, ópios ou afagos
dos lábios que mentem.

É esta, não é outra, a minha crença.
Raios vos partam, vós que duvidais,
raios vos partam, cegos de nascença!

Fernando Namora

sexta-feira, outubro 16, 2009

As 1001 maneiras de fazer o pino.


Há muitas maneiras de fazer o pino. Algumas bem engraçadas por sinal.

Mas, quando julgávamos que estavam todas inventadas o presidente do PPD/PSD de Aveiro veio-nos demonstrar
mais uma.


Nota1: Correspondendo ao desafio lançado por Tomás Taveira o Margem Esquerda aceita donativos para um fundo destinado a erigir uma estátua a Ulisses Pereira. Mas não mandem moedas grandes. Lembrem-se que a estátua se destina a glorificar a sua "inteligência".

Nota2: Quem parece que não gostou nada da história foi Pedro Ferreira. Então andou a comprometer-se no Plano de Saneamento Financeiro
a concessionar (lá para 2013) o estádio por 65 milhões de euros e o Ulisses quer-lho mandar agora abaixo. Anda um homem a fazer o que pode e o que não pode para arranjar empregos à família dos amigos e eles pagam-lhe assim! Ingratos! Ingratos é o que eles são!

Glória Efémera



O rosto do cartaz eleitoral
sobre um fundo de promessas, a sorrir
lembrava um maioral
a franquear as portas do porvir.

Vota! O apelo era um alaúde
a embalar a fome atávica da grei;
haverá trabalho, habitação, saúde,
tudo o que até agora não vos dei.

Mas o vento límpido, ingrato
naquele domingo de eleições
ia desfazendo o candidato
em cruéis, frenéticos rasgões.

E quando a noite desceu
um varredor indeciso,
sonâmbulo, varreu
os últimos detritos do sorriso.

António Arnaut

domingo, outubro 11, 2009

Aurora boreal


Tenho quarenta janelas
nas paredes do meu quarto.
Sem vidros nem bambinelas
posso ver através delas
o mundo em que me reparto.
Por uma entra a luz do Sol,
por outra a luz do luar,
por outra a luz das estrelas
que andam no céu a rolar.
Por esta entra a Via Láctea
como um vapor de algodão,
por aquela a luz dos homens,
pela outra a escuridão.
Pela maior entra o espanto,
pela menor a certeza,
pela da frente a beleza
que inunda de canto a canto.
Pela quadrada entra a esperança
de quatro lados iguais,
quatro arestas, quatro vértices,
quatro pontos cardeais.
Pela redonda entra o sonho,
que as vigias são redondas,
e o sonho afaga e embala
à semelhança das ondas.
Por além entra a tristeza,
por aquela entra a saudade,
e o desejo, e a humildade,
e o silêncio, e a surpresa,
e o amor dos homens, e o tédio,
e o medo, e a melancolia,
e essa fome sem remédio
a que se chama poesia,
e a inocência, e a bondade,
e a dor própria, e a dor alheia,
e a paixão que se incendeia,
e a viuvez, e a piedade,
e o grande pássaro branco,
e o grande pássaro negro
que se olham obliquamente,
arrepiados de medo,
todos os risos e choros,
todas as fomes e sedes,
tudo alonga a sua sombra
nas minhas quatro paredes.

Oh janelas do meu quarto,
quem vos pudesse rasgar!
Com tanta janela aberta
falta-me a luz e o ar.


António Gedeão

sexta-feira, outubro 09, 2009

Domingo há eleições!


No próximo domingo há eleições autárquicas. E, no fim da noite, saberemos se quem vai liderar o executivo municipal de Aveiro nos próximos 4 anos é José Costa ou Élio Maia.

Oxalá o acto seja concorrido e decorra com elevação. E que os aveirenses votem em José Costa e no projecto ADOROAVEIRO.

Espero ainda que, independentemente das ideias políticas que cada um perfilhe, os aveirenses se lembrem que se não votarem em José Costa estão, EFECTIVAMENTE, a concorrer para que Élio Maia seja eleito Presidente da Câmara de Aveiro para mais um mandato. E que todos aqueles que temem que tal desgraça nos possa voltar a acontecer votem massivamente em José Costa.

quinta-feira, outubro 08, 2009

Mecenato paga dívidas da Câmara!



Numa notícia publicada hoje no Jornal de Notícias sob o título "Mecenato paga dívidas da Câmara" a Câmara de Aveiro veio levantar um pouco o sombrio véu que encobre a situação que aqui tornámos pública, através da qual Élio Maia "arranjou uma forma de liquidar os subsídios prometidos a associações, pedindo a empresas para, ao abrigo do mecenato, ajudarem financeiramente essas instituições, anulando assim os compromissos assumidos pela autarquia".


Trata-se, obviamente, de (mais) um "negócio" do consulado de Élio Maia de contornos pouco claros, que nos suscita as maiores reservas e que achamos dever ser minuciosamente investigado por quem de direito.


E é necessário, à partida, esclarecer o seguinte: Qual a verdadeira razão que levou a SUMA, a 1 mês das eleições, a conceder donativos no valor de 500.000€ (quinhentos mil euros), OU SEJA UM VALOR SUPERIOR A 18% (DEZOITO POR CENTO) DA SUA FACTURAÇÃO ANUAL À CMA, a associações do concelho de Aveiro?

E como é possível que alguém se permita afirmar que estes valores possam ser deduzidos nos compromissos que a Câmara tinha assumido com as associações? O que é que está por detrás de tudo isto? Existem outras implicações?


Como todos certamente compreenderão estes donativos não surgem por acaso. E como as empresas são criadas para gerar lucros e não propriamente para praticar filantropia, resta saber quantos porcos terão os aveirenses de pagar (ou já pagaram) à SUMA em retribuição do "presunto" que esta empresa distribuiu pelas associações do concelho?


Um outro aspecto que ressalta da notícia é o facto da resposta da Câmara não ter sido feita pelo vereador responsável pelo pelouro do ambiente (que apresentou e defendeu junto do executivo a renegociação do contrato com a SUMA) e também responsável pelo pelouro dos assuntos sociais, Miguel Capão Filipe.


E, por favor, não me venham mais uma vez dizer que, tal qual no negócio das piscinas, também, neste caso, não sabia de nada ou que, no mínimo, não esteve por dentro dos meandros do "negócio", estando por isso incapacitado para responder às questões postas pelo jornalista.


De facto quem respondeu às questões colocadas pelo JN foi Pedro Ferreira que, como sabemos, é Administrador (e recebe remunerações) da ERSUC - Resíduos Sólidos do Centro, SA., (empresa de que a SUMA é accionista e onde deposita os lixos resultantes dos contratos que celebrou com municípios da nossa região), que acumula com as de vereador da Câmara Municipal de Aveiro.

E, pelo seu discurso, temos muita dificuldade em discernir em qual das suas qualidades (de difícil conciliação neste caso), é que concedeu os esclarecimentos.


Pedro Ferreira adiantou ainda ao JN "que há contactos adiantados com mais três ou quatro empresas para apoiarem associações culturais e desportivas num quadro idêntico ao efectuado com a SUMA".


Já o adivinhávamos. E até é, para nós, fácil imaginar quais são as empresas que estão tão "desejosas" de apoiar as associações desportivas e culturais do nosso concelho, num "QUADRO IDÊNTICO ao da SUMA".


E todos os aveirenses também poderão, com alguma facilidade, adivinhar quem são.

Basta descobrirem os parceiros dos "negócios" feitos pela CMA durante o consulado de Élio Maia que o Partido Socialista contestou (e eu próprio aqui denunciei e refutei) e estão encontrados os seus nomes.


Mas, tudo o que agora foi finalmente assumido pelo executivo camarário, só vem confirmar que tínhamos toda a razão quando desconfiámos e contestámos algumas tomadas de posição, acordos, negócios e negociatas que, em devido tempo, considerámos lesivas dos interesses municipais.


Os aveirenses devem pensar (e depressa) nestas coisas pois é já no próximo fim-de-semana que têm de escolher se querem ou não manter esta escandalosa forma de gerir os nossos interesses municipais.

E nós gostaríamos que o fizessem (e assumissem) conscientemente.


terça-feira, outubro 06, 2009

Responsabilidade Social à moda de Élio Maia


(clicar para ler)



Caro leitor. Trazemos-lhe hoje um interessante caso de Responsabilidade Social. Evitaremos comentários de forma que possam extrair as vossas conclusões e tecer os vossos comentários o mais independentemente possível.


O grupo Suma é um grupo empresarial que marca presença em Aveiro desde 1996 e actua em várias áreas entre as quais a da limpeza urbana e da recolha, gestão e tratamento de resíduos.

O grupo Suma possui ainda uma importante quota (cerca de 6%) na ERSUC - Resíduos Sólidos do Centro, SA, de cujos aterros depende para depositar os Resíduos Sólidos Urbanos dos municípios da nossa região em que opera, empresa a quem este executivo autorizou a construção de uma célula adicional (às duas que estavam inicialmente previstas e deveriam ter sido definitivamente seladas em 2007) no aterro de Taboeira e autorizou a instalação de uma Unidade de Tratamento Mecânico Biológico de lixos urbanos indiferenciados em Eirol, que deverá começar a laborar em 2010, (autorizações que o Partido Socialista contestou vivamente por não terem sido dadas ao nosso Município, que acarreta com as consequências negativas desses equipamentos, as necessárias contrapartidas compensatórias).

Aveiro detinha assim uma excelente posição negocial para celebrar o alargamento da prestação de serviços de limpeza e varredura dos centros urbanos das freguesias do concelho com a SUMA, pois a rentabilidade da empresa estava profundamente dependente da autorização da construção da célula adicional do aterro e da futura instalação da UTMB no nosso concelho.

Este contrato, celebrado por Élio Maia pelo prazo de 5 anos, muito festejado e considerado excelente pelos autarcas da maioria (e que deu a Élio Maia a honra de abrir o nº14 do Boletim ambiSUMA de Janeiro de 2009), foi contestado pela vereação socialista que, sem pôr em causa o trabalho que a SUMA vinha a efectuar, sustentou que poderia ter sido melhor para o Município, estranhando que as negociações tivessem sido transferidas para os Serviços Municipalizados a meio do processo e demonstrando a sua perplexidade pelo facto do PS não ter tido conhecimento das negociações.

Embora não tenhamos a certeza dos valores envolvidos neste negócio, cremos que deverá atingir o montante de cerca de 2,8 milhões de euros anuais.

Não está ainda esclarecido o papel no negócio do representante da Câmara Municipal de Aveiro na ERSUC - o social-democrata Pedro Ferreira - que, de acordo com notícias publicadas e não desmentidas pelo próprio, aí recebe remunerações, que acumula com as de vereador da Câmara Municipal de Aveiro.

Ora, recentemente, mais propriamente no final de Agosto, de uma forma inédita e tardia (mas no timing eleitoral mais adequado), o grupo SUMA decidiu colaborar com uma série de obras sociais do nosso concelho remetendo-lhes, sem que o esperassem, cheques solicitando apenas que lhes fosse remetido o respectivo recibo, crente de que o seu gesto iria reforçar o empenho e dedicação que o presidente de cada uma das instituições sempre tem manifestado para a construção de uma comunidade mais fraterna, mais amiga e mais solidária.

Bonito gesto que nos mereceria os maiores encómios, não fora a experiência ter-nos, há muito tempo, ensinado que em matéria de negócios, “não há almoços grátis”.

Mas os mais interessantes documentos de todo este processo foram os "pré-anúncios" feitos por Élio Maia às instituições que iriam receber os referidos apoios, que tinha conseguido negociar com o grupo SUMA, indicando que o respectivo valor deveria substituir os eventuais compromissos assumidos pela Câmara com a Instituição.

Élio Maia deu assim provas de ser um excelente negociador, junto do grupo SUMA, de apoios sociais às instituições do Município que julga merecerem apoio (e se a distribuição não for equitativa sempre poderá dizer que a culpa não foi dele). E também dá provas de grande espírito de poupança por assim evitar proceder ao pagamento dos compromissos assumidos pela Câmara com as instituições sociais do nosso concelho que foram contempladas.

Pena é que não tenha sido tão sagaz a renegociar os contratos e a obter as contrapartidas pela instalação de equipamentos portadores de consequências negativas, no nosso concelho, ou até a negociar o empréstimo dos 58 milhões. Se o fosse poderia, certamente, ter aliviado a carteira dos munícipes e poupado dinheiro suficiente para apoiar séria e continuadamente as nossas obras sociais.

E, deixem que vos diga, considero que tudo isto não cheira nada bem. E que todos os passos deste processo deveriam ser minuciosamente investigados, por quem de direito. Que eu não acredito em bruxas, mas que las hay, las hay.

O Cobrador do Fraque Abandona Aveiro!


Ouvi dizer que o homem do fraque abandonou Aveiro. Mas vi logo que era fartura a mais e que o dito não devia passar de conversa de miúdos.

Fui falar com ele. E o que acontece é que o nosso homem, fartinho de esperar que a Câmara poupasse algum dinheiro para lhe pagar, acabou por vestir uma t-shirt, que o tempo não tem estado para graças.

- Abandonar Aveiro? Nem pensar!
disse-me.

- Principalmente agora que além da dívida antiga, tenho mais 25 milhões de euros, só de juros do empréstimo, para cobrar!

- E se sr. Élio, que Deus o guarde, ganhar outra vez, tenho emprego garantido por mais uns anos. Olhe. Até estou a pensar em assentar e comprar cá casa!


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PORQUE VOCÊ ADORA OLIVEIRINHA

segunda-feira, outubro 05, 2009

Notícias da campanha - intolerância democrática

(clicar na imagem para ler a notícia do DA)

Um pouco por todo o lado assistimos a atitudes injustificáveis, que nada dignificam a nossa democracia.

Em Santa Joana o bem conhecido Vitor Martins depois de, até à última hora, tentar burocraticamente impedir a feitura da lista do PS, tenta agora justificar com uma miríade de obras de última hora a "incompetência da sua gestão uninominal".

Em Eixo os responsáveis pela gestão do Centro Cultural de Horta recusaram-se a ceder o espaço a José Moreira candidato do PS, para realizar uma sessão de esclarecimento, impedindo-o de publicamente anunciar os seus 3 projectos para a freguesia: Uma via pedonal/ciclovia entre Horta e Eixo, um parque infantil e a manutenção e tubagem da Fonte Nova.

Mas em Eixo, como um pouco por todo o lado, pululam as obras apressadas para tapar os olhos às populações (e onde não há obra há a distribuição de comunicados a dizer que brevemente vão iniciar). Até a fonte e o lavadouro do Rego depois de muito tempo secos, foram abastecidos de água. Mas só depois de uma visita ao local dos candidatos do PS.